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Educação financeira em perspectiva: um estudo comparativo entre
Brasil e Paraguai
Financial education in perspective: a comparative study between Brazil
and Paraguay
Roberto Medeiros da Fonseca Cavalcante
Universidad Tecnológica Intercontinental
Maceió-AL Brasil
robertomfc87@gmail.com
https://orcid.org/0009-0003-5916-9329
Artículo recibido: 01de julio de 2025
Aceptado para publicación: 02 de setiembre de 2025
Conflictos de interés: Ninguno que declarar.
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Resumo
A educação financeira tem se consolidado como um elemento essencial para a inclusão
financeira e o bem-estar econômico. Este estudo analisa e compara as políticas e
iniciativas de educação financeira no Brasil e no Paraguai, destacando semelhanças e
diferenças entre os modelos adotados nos dois países. A metodologia empregada é
pesquisa bibliográfica, baseada na revisão de artigos científicos, relatórios e documentos
oficiais que tratam do tema. Os resultados indicam que, apesar dos avanços recentes, a
educação financeira em ambos os países ainda enfrenta desafios significativos, como a
falta de capacitação docente e a necessidade de políticas públicas mais efetivas. Conclui-
se que uma necessidade de mais pesquisas que explorem a relação entre educação
financeira e inclusão social, além de estudos que avaliem o impacto de programas de
educação financeira em diferentes contextos socioeconômicos.
Palavras-chave: educação financeira, políticas públicas, desenvolvimento,
finanças
Abstract
Financial education has been consolidated as an essential element for financial inclusion
and economic well-being. This study analyzes and compares financial education policies
and initiatives in Brazil and Paraguay, highlighting similarities and differences between
the models adopted in both countries. The methodology used is bibliographic research,
based on the review of scientific articles, reports and official documents that address the
topic. The results indicate that, despite recent advances, financial education in both
countries still faces significant challenges, such as the lack of teacher training and the
need for more effective public policies. It is concluded that there is a need for more
research that explores the relationship between financial education and social inclusion,
in addition to studies that evaluate the impact of financial education programs in different
socioeconomic contexts.
Keywords: financial education, public policies, development, finance
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comparativo entre Brasil e Paraguai. RECIDE, V, (1)18 32.
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Educação Financeira
A educação financeira tem se tornado um tema de extrema relevância no cenário
global, especialmente em países em desenvolvimento, onde a inclusão financeira e a
gestão adequada dos recursos pessoais são fundamentais para o crescimento
econômico e a redução das desigualdades sociais. No contexto latino-americano, onde a
exclusão financeira ainda é uma realidade para grande parte da população, a educação
financeira surge como uma ferramenta crucial para promover a inclusão e o
desenvolvimento sustentável (Brítez & Chung, 2021).
De acordo com a definição da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), a educação financeira é um processo educacional que resulta no
aprimoramento da compreensão sobre produtos, conceitos e riscos financeiros,
resultando em um conjunto de informações que permite tomar decisões informadas e
responsáveis (Souza & Santos, 2022).
A educação financeira tem ganhado destaque como uma ferramenta essencial
para promover a inclusão financeira e o desenvolvimento econômico. No Brasil e no
Paraguai, esse tema tem sido abordado por diversos autores e instituições, que destacam
a importância de capacitar a população para tomar decisões financeiras responsáveis
(López-Lapo et al., 2022). A educação financeira não apenas melhora o bem-estar
individual, mas também contribui para a estabilidade econômica dos países, reduzindo a
vulnerabilidade das famílias na base da pirâmide e promovendo o crescimento
sustentável (Banco Central do Brasil [BC], 2018; Banco Mundial, 2014).
Alguns países têm investido massivamente na alfabetização financeira, desde a
educação infantil, com o firme propósito de ver estabelecida no futuro uma sociedade
com inteligência financeira, capacitada para tomar decisões sobre finanças de forma
consciente e otimizada, e sem dívidas. A alfabetização financeira é fundamental para o
bem-estar financeiro das pessoas e para a saúde geral da economia de um país (Souza
& Santos, 2022).
Os governos latino-americanos têm desenvolvido programas que complementam
a educação financeira, a inclusão e o desenvolvimento social. Entretanto, as
necessidades da população em termos de educação financeira não são as mesmas em
todos os países da região, por isso é necessário um esforço maior em termos de
mensuração. Isso, juntamente com uma avaliação de impacto mais abrangente dos
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programas existentes, ajudaria a projetar e implementar programas de educação
financeira mais eficazes (López-Lapo et al., 2022).
Considerando ainda o contexto latino-americano, a educação financeira no Brasil
e Paraguai tem avançado nos últimos anos, com a implementação de políticas públicas
e programas de capacitação. No entanto, ainda desafios significativos. A literatura
existente destaca a importância da educação financeira para a inclusão social e o
desenvolvimento econômico, mas ainda há lacunas em relação à estudos comparativos
entre esses dois países.
Este estudo tem como objetivo analisar e comparar as políticas e iniciativas de
educação financeira no Brasil e no Paraguai, destacando semelhanças e diferenças entre
os modelos adotados nos dois países. A partir de uma revisão bibliográfica e da análise
de documentos oficiais, o trabalho visa oferecer uma visão panorâmica do tema,
destacando seu papel essencial na preparação de indivíduos mais conscientes e aptos a
enfrentar as complexidades financeiras do século XXI.
Método
A metodologia empregada neste estudo é de natureza bibliográfica, seguindo os
preceitos de Gil (2019), que define a pesquisa bibliográfica como um método que permite
ao investigador explorar, analisar e interpretar o conhecimento produzido sobre
determinado tema, a partir de fontes secundárias. Nesta investigação, o objetivo é realizar
um estudo comparativo sobre a educação financeira no Brasil e no Paraguai, com base
em uma revisão sistemática de mais de 20 artigos científicos que abordam a temática
em nos países.
A escolha por uma abordagem bibliográfica justifica-se pela necessidade de
compreender as nuances e particularidades da educação financeira em contextos
distintos, identificando semelhanças, diferenças e desafios comuns entre os dois países.
Além disso, esse método permite uma análise crítica das políticas públicas, práticas
educativas e impactos sociais relacionados à educação financeira, sem a necessidade
de coleta de dados primários.
Para a seleção dos artigos, foram utilizadas bases de dados científicas
reconhecidas, como SciELO, Google Scholar e Redalyc, com os seguintes descritores:
"educação financeira", "Brasil", "Paraguai", "alfabetização financeira", "políticas públicas"
e "ensino de finanças". A seleção dos estudos foi realizada com base em critérios de
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inclusão, como a relevância do tema, a qualidade metodológica e a data de publicação,
priorizando artigos publicados nos últimos 5 anos.
A análise dos artigos foi realizada em três etapas principais: leitura exploratória,
para identificar os principais conceitos e abordagens sobre educação financeira; leitura
seletiva, para observar os estudos conforme os temas centrais, como políticas públicas,
práticas pedagógicas e impactos sociais; e leitura analítica, para comparar as realidades
do Brasil e do Paraguai, identificando convergências e divergências. A organização dos
dados foi feita por meio de uma matriz de análise, que permitiu a sistematização das
informações.
A análise comparativa entre os dois países aborda alguns pontos norteadores,
como as políticas públicas de educação financeira, com foco na existência de programas
nacionais e na integração da educação financeira; as práticas pedagógicas, analisando
como a educação financeira é abordada no contexto escolar; e por último, impactos
sociais, avaliando como a educação financeira influencia o comportamento econômico
das populações e contribui para a redução das desigualdades.
Por fim, é importante ressaltar que, embora a pesquisa bibliográfica permita uma
análise abrangente e detalhada do tema, ela apresenta limitações, como a dependência
da qualidade e da disponibilidade dos estudos revisados. Ademais, Gil (2019), destaca a
importância da revisão bibliográfica para a construção de um referencial teórico
consistente. Assim, buscou-se garantir a rigorosidade metodológica, com uma seleção
criteriosa das fontes e uma análise sistemática dos dados, visando contribuir para o
avanço do conhecimento sobre educação financeira na América Latina.
Resultados
Tabela 1
Matriz de coleta de dados das pesquisas dos artigos científicos sobre educação
financeira
Autor(es)
Título
(Presentado & Chung, 2024)
Impacto de la inclusión financiera en las áreas
informales del Paraguay
(Sanchez & Barreto, 2024)
Revisión de la inclusión financiera en Paraguay
(López-Lapo et al., 2022)
Educación financiera en América Latina
(Insaurralde, 2024)
Impulsando una educación financiera sin barreras para
trabajadores de la feria municipal “La Placita” 2022
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(Núñez et al., 2022)
Estrategia educativa enfocada al bienestar económico
de los colaboradores de una universidad privada dentro
del marco del proyecto de Responsabilidad Social
Universitaria
(Brítez & Chung, 2021)
Educación financiera de estudiantes universitarios en
Paraguay, periodo 2018-2019
(Ayala & Achinelli, 2021)
Género y economía. Visibilización de la contribución de
las mujeres en la agricultura familiar campesina en
Paraguay. Año 2019
(Vázquez, 2020)
Educación financiera de jóvenes universitarios de la
Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación
(Alves & Gimenes, 2023)
Gestão educacional no plano nacional de educação do
Brasil e do Paraguai: similitudes, divergências e
desafios
(Roa & Villegas, 2023)
Financial vulnerability and financial literacy in Paraguay:
the need of a transversal approach of public policy
(Ceron et al., 2024)
Educação financeira e alfabetização financeira: uma
análise bibliométrica sobre a evolução dos trabalhos no
Brasil
(Pereira et al., 2024)
A educação fiscal e financeira nas escolas: política
pública de importância na vida do cidadão
(Jacinto et al., 2024)
Inflação como tema disparador de leituras e escritas do
mundo: promovendo educação financeira no ensino
médio
(Melo & Pedro, 2024)
A escassez de educação financeira no sistema
educacional brasileiro
(Jordao & Souza, 2023)
Potencializando futuros: uma jornada de educação
financeira no ensino médio
(Vais & Carvalho, 2023)
Educação financeira nas escolas
(Cieslak et al., 2023)
A educação financeira no novo ensino médio
paranaense: reflexões sociais por meio de uma
pesquisa bibliográfica
(Faveri et al., 2023)
Educação financeira para crianças
(Souza et al., 2022)
Desafios da educação financeira como ferramenta de
combate ao endividamento no Brasil
(Souza & Santos, 2022)
A educação financeira como uma importante
contribuição para a economia no século 21
(Sousa et al., 2022)
Educação financeira no ensino médio integrado:
construindo um currículo transversal com base em
temas geradores
(Cunha, 2020)
O mercado financeiro chega à sala de aula: educação
financeira como política pública no Brasil
(Giordano et al., 2019)
A educação financeira e a base nacional comum
curricular
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(Cordeiro et al., 2018)
Educação financeira no Brasil: uma perspectiva
panorâmica
Fonte: Autoria Própria (2025).
Discussão
Tanto no Brasil quanto no Paraguai, a educação financeira é reconhecida como
uma ferramenta essencial para promover a inclusão financeira, reduzir desigualdades e
fortalecer a cidadania econômica. No entanto, as abordagens e estratégias adotadas por
esses países apresentam diferenças significativas, refletindo contextos
socioeconômicos e prioridades distintas.
No Brasil, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída em
2010, busca integrar a educação financeira ao currículo escolar e promover uma cultura
de planejamento financeiro entre os cidadãos (Cunha, 2020; Souza et al., 2022; Ceron et
al., 2024). No Paraguai, a principal iniciativa é a Estratégia Nacional de Inclusão Financeira
(ENIF). Entre os aportes da ENIF, verificou-se que uma margem significativa para
expandir a disponibilidade de programas de educação financeira no país. Os estudos
demonstraram que programas de educação financeira bem concebidos podem equipar
pessoas com conhecimento e habilidades para aproveitar serviços financeiros
adequados para poupar, tomar empréstimos, fazer pagamentos e gerenciar bem os
riscos (Banco Mundial, 2014).
A ENEF no Brasil é baseada em diretrizes da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que enfatiza a importância da educação financeira
para a estabilidade econômica e o bem-estar social. Pensando em oferecer uma boa
formação financeira para a população brasileira, a ENEF, foi implantada dentro do
contexto escolar, tendo como alguns de seus objetivos explicar e simplificar o
entendimento das atividades financeiras. Além disso, a longo prazo, construir nas
pessoas, de forma sadia, uma consciência diferenciada quanto ao uso do dinheiro
(Cordeiro et al., 2018).
Em 2014, o Governo Nacional do Paraguai formulou a Estratégia Nacional de
Inclusão Financeira (ENIF), cujos objetivos finais eram reduzir a pobreza e a desigualdade
e impulsionar o crescimento econômico. Junto com essa estratégia, vários esforços
regulatórios e políticos impulsionaram significativamente a inclusão financeira no país a
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ponto de o Paraguai ser considerado um dos países que alcançou maior inclusão
financeira da população por meio de inovações digitais (Roa & Villegas, 2023).
Além disso, Paraguai e Brasil foram uns dos primeiros países a implementar
estratégias nacionais para inclusão e promoção da educação financeira na região. Desta
forma, torna-se relevante estudar as abordagens, convergências e divergências entre os
dois países em relação ao tema.
Políticas públicas, práticas pedagógicas e impactos sociais
No Brasil, a Estratégia Nacional de Educação Financeira foi instituída como
política pública em 2010, sendo resultado de uma parceria entre órgãos governamentais
e instituições financeiras. A ENEF tem como objetivo principal disseminar conhecimentos
sobre finanças pessoais e estimular práticas responsáveis entre os cidadãos. Entretanto,
sua implementação tem sido criticada pela forte influência do setor financeiro e pela falta
de um debate mais amplo sobre os objetivos pedagógicos dessa política (Cunha, 2020).
A implementação da educação financeira nas escolas brasileiras ocorre
principalmente por meio da matemática, conforme estabelecido nas diretrizes do Novo
Ensino Médio. No estado do Paraná, por exemplo, a disciplina foi integrada ao currículo
com o intuito de promover maior conscientização sobre o uso do dinheiro. No entanto,
críticos apontam que essa abordagem tem sido limitada à matemática financeira, sem
considerar aspectos socioculturais e comportamentais (Cieslak et al., 2023).
Um grande desafio a ser enfrentado para uma implementação bem-sucedida da
educação financeira no Brasil, é a formação dos professores. Sabe-se que quando se
trata de capacitação com financiamento governamental, no Brasil, isso não ocorre de
forma rápida e prática. Mais do que treinar professores para replicar um programa de
educação financeira em sala de aula, é preciso lembrar que eles também são
consumidores e que também precisam desse tipo de formação para transformar suas
próprias finanças pessoais (Souza et al., 2022)
No Paraguai, a educação financeira tem sido vista como um mecanismo para
promover a inclusão social e reduzir as desigualdades econômicas. Segundo López-Lapo
et al. (2022), a falta de conhecimento financeiro é um dos principais obstáculos para a
inclusão financeira, especialmente entre as populações rurais e de baixa renda. Os
autores destacam que programas de educação financeira podem capacitar os indivíduos
para acessar serviços bancários, entender os riscos associados a empréstimos e tomar
decisões financeiras mais informadas.
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Além disso, as práticas pedagógicas no país estão mais associadas a programas
de formação técnica e profissional, com destaque para os cursos voltados ao
empreendedorismo e ao microcrédito (Roa & Villegas, 2023). A ausência de um currículo
estruturado voltado para a educação financeira no ensino médio reflete a prioridade dada
às políticas de capacitação econômica para a população adulta no Paraguai.
Ademais, a educação financeira representa um conhecimento indispensável para
a sociedade contemporânea lidar com os desafios e inovações que permeiam o universo
das finanças. Adicionalmente, destaca-se que a integração de disciplinas voltadas para a
educação financeira nos currículos escolares, tanto no ensino fundamental quanto no
ensino superior, como o ponto de partida fundamental para combater a falta de
conhecimento financeiro entre os indivíduos no Brasil (Melo & Pedro, 2024).
Uma sociedade analfabeta financeiramente, e endividada, é um obstáculo ao
desenvolvimento econômico, pois encarece transações comerciais e financeiras. A
concessão de crédito, numa sociedade com alto índice de inadimplência, torna-se uma
operação financeira de alto risco, o que eleva a taxa de juros de produtos financeiros,
encarecendo as operações de crédito. O crédito sendo bem utilizado, com
responsabilidade e dentro dos limites do orçamento doméstico, ou empresarial, é algo
positivo para o consumidor desse tipo de produto, para o mercado financeiro e para a
economia do país; mas, pode ser uma ferramenta altamente destrutiva se for utilizado
por uma sociedade sem a educação financeira consolidada como cultura ( Souza et al.,
2022).
A Educação Financeira não consiste somente em aprender a economizar, cortar
gastos, poupar e acumular dinheiro. Também não se resume no estudo da matemática
financeira. É muito mais que isso. É buscar uma melhor qualidade de vida, tanto hoje
quanto no futuro, proporcionando a segurança material necessária para aproveitar os
prazeres da vida e ao mesmo tempo obter uma garantia para eventuais imprevistos, a
educação financeira reúne uma série de recursos e hábitos financeiros que sejam
saudáveis para o uso adequado dos recursos pessoais (Vais & Carvalho, 2023).
Pessoas financeiramente educadas tem consciência de onde querem chegar,
lidam com situações que estão fora da sua área de autoridade e aprendem a administrar
seu dinheiro. Dessa forma, a escola pode ajudar a preparar os seus alunos a serem mais
responsáveis com situações relacionadas com o dinheiro na fase adulta da sua vida,
ensinando valores como gastar, poupar e doar (Faveri et al., 2023).
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Educar fiscal e financeiramente significa, portanto, formar cidadãos mais
conscientes do seu papel na sociedade. O Brasil está se organizando nessa seara com o
desenvolvimento de alternativas feitas por pesquisadores, educadores, instituições, com
a criação e disponibilização de materiais didáticos, além de formar cidadãos motivados
para o exercício da cidadania plena, capazes de entender a importância de acompanhar
a aplicação dos recursos públicos, zelando para o correto destino das receitas públicas
(Pereira et al., 2024).
No âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento do Paraguai, a ENIF, criada em
2014, estabelece que a inclusão financeira é um dos três componentes necessários para
alcançar uma sociedade inclusiva no país, juntamente com a inclusão social e
econômica. Em outras palavras, inclusão social se refere à capacidade da sociedade
paraguaia de satisfazer as necessidades humanas básicas de seus cidadãos e
comunidades. A estratégia do Paraguai também aponta que, para que essas
oportunidades existam na economia, é necessário um crescimento inclusivo que gere
oportunidades econômicas, promova o emprego e a igualdade de acesso e mantenha a
estabilidade macroeconômica, garantindo a concorrência, a liberdade empresarial e o uso
racional dos recursos (Presentado & Chung, 2024).
Além disso, a ENIF, menciona que a inclusão financeira depende de fatores como
acesso a produtos e canais financeiros, uso do dinheiro que depende da educação
financeira, qualidade em termos de atendimento às necessidades do consumidor, renda,
pobreza, produtividade, emprego, gênero (Sanchez & Barreto, 2024).
Em estudo realizado com trabalhadores da Feira Municipal de La Placita, na
cidade de Encarnación, Paraguai, em 2022, foi verificado que muitos indivíduos
enfrentam desafios na gestão de seus recursos devido à falta de conhecimento
financeiro. A maioria deles mal concluiu o ensino fundamental e foi forçada a trabalhar
desde cedo para contribuir com o sustento de suas famílias. Essa situação os obriga a
recorrer a empréstimos com juros altos, o que dificulta seu progresso econômico e a
possibilidade de melhorar seus negócios. A falta de educação financeira é um obstáculo
significativo ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar (Insaurralde, 2024).
Outro estudo realizado com colaboradores de uma universidade com sede em
Asunción (ASU) e Pedro Juan Caballero (PJC), no Paraguai, em 2021, revelou que uma
porcentagem significativa de funcionários de ASU (62%) e de PJC (67%) não controla
suas despesas mensais. Isso provavelmente se deve ao fato de que a educação
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financeira é pouco conhecida, fazendo com que o hábito de poupar não esteja
estabelecido como uma cultura pessoal ou geral entre os participantes (Núñez et al.,
2022).
O papel do Estado, das instituições de ensino e também das famílias na
capacitação e educação sobre gestão financeira é essencial, pois uma grande
necessidade de informações que a sociedade requer sobre temas específicos que
possam auxiliar na tomada de melhores decisões no cotidiano e ter uma vida mais
tranquila, tendo em vista o problema da falta de educação financeira (Vázquez, 2020).
Assim como o Brasil, o Paraguai apresenta características da gestão democrática
e da gestão gerencial, uma vez que garante o fortalecimento do trabalho coletivo, da
participação da sociedade e uma formação cidadã, justa e igualitária, como requer a
gestão democrática da educação, mas também firma a eficácia, a relação público-
privado, modernização e a avaliação como questão central para obter os resultados
educacionais, que são características da gestão gerencial (Alves & Gimenes, 2023).
Conclusão
Os estudos observados reforçam que a educação financeira é um elemento
fundamental para reduzir a vulnerabilidade econômica e promover a saúde financeira,
especialmente entre as populações mais vulneráveis. No contexto atual, onde a
instabilidade econômica e as desigualdades sociais são desafios persistentes, a
capacitação financeira se torna uma ferramenta essencial para empoderar indivíduos e
famílias, permitindo que tomem decisões mais conscientes e sustentáveis em relação ao
uso de seus recursos.
No Brasil, a educação financeira ganha ainda mais relevância diante de um
cenário marcado por altos índices de endividamento, baixa taxa de poupança e uma
parcela da população sem acesso a serviços bancários formais. Implementar políticas e
programas que promovam a alfabetização financeira pode contribuir significativamente
para a inclusão social e econômica, reduzir as desigualdades e fortalecer a economia do
país.
no Paraguai, onde uma parte considerável da população também enfrenta
desafios relacionados à informalidade e à falta de acesso a crédito e investimentos, a
educação financeira pode ser um catalisador para o desenvolvimento econômico e
social. Ao capacitar os cidadãos paraguaios a gerenciar melhor suas finanças, é possível
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impulsionar a estabilidade econômica das famílias, fomentar o empreendedorismo e,
consequentemente, contribuir para o crescimento do país.
Portanto, tanto no Brasil quanto no Paraguai, a educação financeira não é apenas
uma questão individual, mas uma estratégia coletiva que pode gerar impactos positivos
em larga escala, promovendo maior equidade, resiliência econômica e qualidade de vida
para a população. Investir nessa área é, sem dúvida, um passo crucial para o
desenvolvimento sustentável de ambas as nações.
A literatura sobre educação financeira no Brasil e no Paraguai ainda apresenta
lacunas significativas, como a falta de pesquisas que integrem perspectivas
multidisciplinares, como sociologia, psicologia e economia, para compreender melhor os
aspectos comportamentais e culturais que influenciam a educação financeira.
Finalmente, uma necessidade de estudos comparativos entre países da América
Latina, que possam fornecer informações para o desenvolvimento de políticas regionais
mais eficazes e que avaliem o impacto da educação financeira em diferentes contextos
socioeconômicos.
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